quarta-feira, 14 de abril de 2010

O ser humano é um ser social ?

O homem, desde o seu surgimento na terra, viveu em comunidades, sempre foi uma animal social. Na pré-história, existiam as comunidades nomades, que compartilhavam a "moradia" a caça, para que assim a espécie podesse continuar a existir. Avançando um pouco na história, chegamos à era cristã, que da mesma forma vivam em comunidades, para partilhar o alimento, nova religião e tambem se esonder da opressão do imperio Romano. Esses dois exemplos podem ser comparados a uma especie de socialismo primitivo, o que na nossa sociedade seria impossivel.

Mas esse breve artigo não tem nenhum valor academico, afinal, não curso a faculdade de psicoloigia, mas é sim uma exposição de ponto de vista. Hoje pela manha que estava no onibus indo para a faculdade, notei uma coisa peculiar, talvez sem importancia para os outros passageiros. Bem, o onibus estava vaziu, mas todos os bancos havia pessoas, mas pessoas sentadas sozinhas. Ta mas o que isso quer dizer? Que importancia isso tem para a sociedade? Diante desse fenomeno, faço a seguinte analise: Estamos no pleno advento das comunicaçoes, com as distancias fisicas entres os paises menores devido a alta tecnologia dos transportes, mas, o ser humano vem se fechando cada vez mais para o seu semelhante. Outro exemplo pratico é a Fam-Ilha, por que essa pequena bricadera, por que agora cada filho tem seu computador no quarto, os pais na bunsca insessante pelo conforto da familia, logo, não se conversa muito nas casas, não estou generalizando, mas em muitos lares as pessoas não tem uma relação afetiva solida e feliz, por esse motivo que os psicologos estão com seus consultorios lotados, por que as pessoas querem alguem que as escute, que as compreendam, e muitas vezes a familia não da esses suporte. Então pergunto a todos, sera que essa evolução tecnologica não esta tendo um alto preço emocional? Sera que essa tecnologia não esta fazendo do homem uma maquina dominada por uma outra maquina feita por ele mesmo? Claro que a tecnologia tem suas vantagens, mas que não sejamos domindados per ela, que nos seres humanos não percamos essa humanidade que esta em nosso ser, que não nos fechemos as novas experiencias humanas e que não tenhamos medo ou recei de sentar ao lado de alguem no onibus e dizer um bom dia.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Brasil 2010

O fardo do passado

Para compreender e interpretar a situação atual do Brasil é preciso retroceder em sua história dos últimos dois séculos. Como definir o Brasil? Certamente, não é mais um país subdesenvolvido. Também, o conceito de país em desenvolvimento, apesar de utilizado amplamente pelo governo nas reuniões internacionais sobre comércio, meio ambiente e transferência de tecnologia não é adequado, sobretudo para as regiões sul e sudeste. Aos quatro países “emergentes”, os BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China –, a rigor somente o último merece essa conotação por ter apresentado um crescimento econômico inédito, nos últimos 20 anos, acompanhado da inclusão social e cultural de pelo menos 300 milhões de seus habitantes rurais, mais do que todos os outros países do mundo.
Na contramão da história, o Brasil tem apresentado, nos últimos 20 anos, uma pífia taxa de crescimento econômico de 2,5%, apesar de todas as promessas de seus governantes. A Rússia, embora sua economia cresça a taxas acima da média devido à exportação de gás e petróleo, está resvalando politicamente para padrões totalitários dos Czares e de Stalin e seus herdeiros.
A Índia, em que pesem seus avanços incontestáveis na área de informática, carrega o fardo de seu passado colonial e do sistema de castas, com 700 milhões de população rural, pobres e indigentes, sem chances de um salto qualitativo da pobreza rural para as “maravilhas” do mundo da eletrônica e de biotecnologia.
Talvez, a melhor definição para o Brasil seja a de um país de desenvolvimento “tardio”, cuja industrialização e modernização alcançaram somente uma minoria, enquanto a maioria, pobre e culturalmente privada, tem sido contemplada por um assistencialismo populista, sem futuro. Nos anos 50, o sociólogo francês Jacques Lambert publicou um livro intitulado “Os dois Brasis” em que apontava criticamente para as disparidades regionais e sociais entre nordeste e sul-sudeste. Não se pretende aqui polemizar com a tese de Lambert, mas é pertinente a indagação sobre as origens e a dinâmica progressiva dessa desigualdade, apesar do desenvolvimento industrial-urbano incontestável. Afinal, em meados do século XIX, o Brasil era um país mais rico que os Estados Unidos, que sofreram uma sangrenta guerra civil na década de 60 daquele século, impondo os padrões da sociedade burguesa ao sul escravocrata. A análise das trajetórias tão diferentes dos dois países nos remete à dimensão e à importância da História para encontrar uma explicação plausível para o atraso do Brasil, além de fatores convencionalmente apontados como o clima tropical, a ética protestante, as supostas deficiências dos colonizadores portugueses quando comparados aos anglo-saxões. Por mais importantes que fossem esses fatores, eles não apontam para o respeito fundamental e central da dinâmica social e política. Ambas as sociedades, Brasil e Estados Unidos, foram construídas a partir da escravidão dos negros e o extermínio das populações indígenas. No primeiro século de colonização portuguesa no Brasil, o regime desumano e predatório de trabalho marcou profundamente as relações sociais de colonizadores, colonizados e escravos.
O Brasil passara para a modernidade capitalista – industrialização e urbanização – sem revolução burguesa capaz de romper os laços com o feudalismo fundiário. Embora a escravatura fosse abolida oficialmente em 1888, as relações patrimonialistas, o preconceito e a exploração dos trabalhadores rurais e urbanos continuam a vigorar, seja nos antigos latifúndios do nordeste, seja nas “modernas” e imensas áreas plantadas de soja, cana, café e nas criações de gado no centro-oeste, cujos donos consideram-se “salvadores da pátria”, devido ao saldo na balança comercial do país, baseada na exportação de produtos de mineração e agro-industriais. A independência do Brasil (1822), proclamada por Dom Pedro I, foi notória pela ausência do povo, uma situação que perdurou até as primeiras décadas do século XX, privando a sociedade das condições necessárias para uma industrialização bem sucedida. Na primeira fase da industrialização brasileira faltaram os recursos para financiar e sustentar o crescimento industrial. Os lucros auferidos com a exportação do café e cacau foram vertidos para a construção de palacetes, o envio dos filhos para estudar em países europeus e no consumo de bens importados de luxo. Os grandes investimentos indispensáveis para deslanchar uma indústria nacional – energia, transporte, siderúrgicas, petróleo, mineração, máquinas e equipamentos – foram proporcionados pelo Estado (CSN, COSIPA, Petrobrás) e as empresas estrangeiras. Os donos de pequenas e médias empresas brasileiras que foram impedidas de participar dos padrões tradicionais de poder, prestígio e sucesso social associados ao bom desempenho da função inovadora empresarial. Ficaram para trás.
É muito grande o número de sociólogos e economistas que tentaram explicar o fenômeno do atraso do desenvolvimento industrial na América Latina.*
A heterogeneidade étnica e cultural dos empresários emaranhados no cipoal das normas e restrições impostas pela burocracia estatal e expostos à concorrência de grupos econômicos estrangeiros configuram um contexto histórico desfavorável, com obstáculos quase intransponíveis à ascensão social e no sucesso político da classe empresarial.
A industrialização do Brasil e de outros países latino-americanos processou-se numa época de crescente centralização econômica e de mercado cada vez mais controlado por oligopólios e conglomerados. O custo elevado de tecnologia e dos investimentos iniciais manteve afastadas do processo de industrialização as elites tradicionais agro-exportadoras, enquanto fosse favorável ao ingresso de capital estrangeiro. A conseqüente fraqueza do empresariado nacional exigiu a participação, em escala crescente, do Estado, não somente como agente fiscalizador, mas também na própria função empresarial, concomitantemente, com sai ação empresarial em grande escala, o Estado passou a organizar e fiscalizar as massas de operários, manipulando-os, freqüentemente, com fins políticos próprios. Finalmente, os mercados internos estreitos, em virtude da não distribuição de renda e da baixa produtividade dos sistemas de transporte e de comunicação, limitaram as possibilidades de expansão das indústrias. Nessas circunstâncias, as “elites” industrializantes, para serem bem sucedidas em seus empreendimentos econômicos, teriam de tornarem-se também “elites” políticas. A fraqueza e a inexpressividade de atuação política dos empresários industriais, como classe social coesa e consistente de sua missão histórica deixaram marcas profundas em toda a evolução política e econômica das sociedades latino-americanas.
Contrariamente ao que aconteceu nos países hoje mais adiantados – onde as elites industrializantes se propunham, através de transformações radicais da estrutura econômica, inclusive do setor operário, a criar um mercado nacional amplo e interessado – nos países latino-americanos a industrialização apenas acomodou-se à estrutura semi-colonial agrária, induzindo somente alterações reflexas e marginais. O processo de justaposição das atividades industriais às agrárias, comerciais e financeiras nos centros urbanos levou a um processo de interpenetração e associação estreita desses setores, donos de capitais, tanto os ligados ao mercado externo quanto ao interno, constituindo-se o sistema bancário e financeiro em elo e intermediação entre os setores. A interpenetração e amalgamação de interesses econômicos foram geralmente acompanhados por cooptação de uma parcela significativa das elites industrializantes por parte das elites tradicionais. Aparentemente conciliados e acomodados, os interesses econômicos dessas duas classes seriam historicamente contraditórios e conflituosos: a abertura e a interiorização do mercado interno são condições indispensáveis para o êxito da industrialização, mas levariam também a elevar a remuneração dos trabalhadores agregados do setor agro-exportador, com aumento dos custos de produção e redução proporcional do lucro. É nesta contradição histórica que se deve procurar a origem do comportamento político vacilante e paradoxal dos empresários. A associação e amálgama estreitas entre as duas classes, inclusive através de laços familiares resultaram em fraqueza política dos empresários; e a classe média a eles associada nunca chegou a se constituir em camada dirigente e tão pouco postulara a liderança no processo de desenvolvimento, nesta fase crítica de transformação em uma sociedade urbano-industrial moderna. O apelo quase simultâneo dos militares em todos os países latino-americanos, para restabelecer “ordem e progresso”, iniciava um período de repressão política, cuja superação começou nos anos 1990. Desnecessário, talvez, seja acrescentar que na ausência de uma solução genuína para os problemas de desenvolvimento, a história não volta nem concede novas oportunidades. A omissão política das elites industrializantes criou um vácuo cujas conseqüências estamos sofrendo, carregando o fardo neste começo de século XXI.


Esquerda, direita e democracia

Chegamos à chave do enigma: por que a economia brasileira não cresce nas últimas décadas, apesar das promessas e declarações proféticas do governo sobre o crescimento “espetacular” e os 5% ao ano, logo depois desmentidos pelos órgãos de pesquisa do próprio Estado? Crescimento econômico é função de investimento e, à medida do progresso técnico, eleva-se a razão de capital/produto, com variações setoriais, numa média de 5:1. Em outras palavras, para fazer o PIB crescer 5% ao ano, seria necessário investir pelo menos 25% do PIB. Os parcos recursos do Estado, pressionado pela necessidade de produzir um superávit fiscal primário (4,25% do PIB) para cumprir as obrigações com credores nacionais e internacionais e as demandas cada vez mais fortes da maioria da população, precisam de complementação pela iniciativa privada, ou seja, os investimentos das empresas. Enquanto a China investiu, nas últimas duas décadas, invariavelmente entre 45-50% do PIB ao ano, no Brasil, esta taxa não tem ultrapassado 16-18% do PIB ao ano.
Enfrentando a concorrência das empresas estrangeiras transnacionais, os obstáculos criados pela burocracia e as pressões dos sindicatos amparadas pela legislação trabalhista, os empresários capitalistas preferem investir em títulos do governo ou em especulações financeiras que proporcionam renda relativamente estável e segura, contra as incertezas dos setores produtivos. Em vez de enfrentar as incertezas do mercado na compra de máquinas e equipamentos, matéria-prima e contratação de mão de obra para produzir com a expectativa de vender no futuro, os empresários preferem o papel de rentista aplicando seu dinheiro no mercado financeiro e abrindo mão do papel de protagonistas da “criatividade destrutiva” de J. Schumpeter. As poucas indústrias de tamanho médio que sobreviveram à “internacionalização” da economia brasileira, dificilmente consegue competir nos mercados externos (taxa de câmbio irreal) e no mercado interno inundado por produtos importados. Os economistas, mesmo os “críticos” como A. Delfim Neto, Luiz G. Belluzzo e E. Gianettti da Fonseca (vide painel da Rede Globo de 26/11/2006) refletem até o cansaço suas receitas: cortar gastos do governo, sem especificar quais gastos; baixar a taxa de juros; alterar a taxa de câmbio; desvincular a previdência social do salário mínimo e outras sugestões que resultaria mais na retirada de direitos que na imposição de obrigações. Falam da flexibilização da relação de trabalho, na elevação da idade mínima para aposentadoria das mulheres, mas não mencionam o aumento da carga tributária, embora cientes das alíquotas vergonhosas do imposto de renda de 15% e 27,5% (máximo) que impacta, sobretudo, na renda dos assalariados, enquanto os “investidores” no mercado financeiro pagam apenas 15% sobre seus ganhos.
A fuga de capitais para paraísos fiscais e o controle de entrada de dinheiro especulativo não são mencionadas e tampouco a maior fiscalização de importações de bens de consumo de luxo. Outro fato curioso, o saldo de investimentos no Brasil com exterior é deficitário, ou seja, em 2006, os investimentos brasileiros no exterior ultrapassaram em 10bilhões de dólares o fluxo de capitais no sentido inverso (Folha de São Paulo, 22/11/2006). Os economistas propõem eliminar o déficit da Previdência Social. Segundo demonstra a pesquisadora da UFRJ, Denise Gentil (FSP, 27/11/2006), a desigualdade social não tem déficit e é auto-sustentável à condição que se aplique o previsto na Constituição de 1988: “o montante de gastos com a Previdência é uma decisão política do governo, como tal, deve estar baseada na meta de distribuição de renda e de garantir um padrão mínimo de bem estar à população”.
A Constituição de 1988 definiu que Previdência Social, Saúde e Assistência Social formam um único sistema, o da seguridade social. Mas, segundo a pesquisadora, o saldo previdenciário não contabiliza as parcelas de recursos do CSLL – Contribuição sobre o Lucro Líquido –, COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – e a CPMF – Contribuição Provisória (permanente!) sobre Movimentação Financeira. Esses recursos são desviados para outras áreas e gastos do governo e despesas de custeio de outros ministérios.
Os empresários e suas organizações representativas choram sobre a “alta carga tributária”, exigem flexibilização das relações de trabalho, redução do custo Brasil e discutem se aumentar o salário mínimo em 5% ou 7%, enquanto o Congresso Nacional e o Judiciário se concedem aumentos de até 94%!
Os países europeus cobram impostos sobre a renda de até 40-45%, enquanto no Brasil a maior alíquota é de 27,5% e muitos capitalistas obtêm anistia sobre dívidas de até 97%! Conforme disse o deputado Delfim Neto, na época em que foi ministro dos militares, “(...) os empresários estão acostumados a mamar nas tetas do governo!” Será que mudaram desde aquela época?
O Brasil continua sendo um país profundamente dividido entre ricos e pobres, o que significa, para iniciar um verdadeiro ciclo de desenvolvimento sustentado, mudanças estruturais profundas: reforma agrária, com distribuição de terras; reforma urbana, priorizando a construção e re-destinação de imóveis não usados (abandonados ou cujo uso social não esteja contemplado) para a habitação popular; saneamento básico, levando água potável e tratamento de esgotos para a maioria da população carente desses serviços.
A mortalidade infantil é escandalosamente alta (33 por mil). Entretanto, o projeto da Lei de Saneamento Básico foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 13/12/2006, após tramitar por duas décadas... Os problemas mais sérios de saúde que afetam a população brasileira são desnutrição, parasitoses e doenças infecto-contagiosas geralmente associadas à pobreza e falta de saneamento básico. O tão aclamado agro-negócio, responsável pelo superávit da balança comercial, resulta em uso predatório das terras e a expulsão da população rural para as metrópoles. As novas tecnologias poupadoras de mão de obra e ‘minimizadoras’ dos custos de produção têm resultado em lucros fabulosos dos fazendeiros que pratiquem a monocultura em larga escala, o que não os impede de pressionar o governo para obter isenção de ICMS para seus produtos exportados. As desigualdades, medidas pelo índice Gini aumentaram desde 1964, enquanto cresce também o número de milionários.
Entretanto, os investimentos do setor privado se restringem a pífios 8-9% do PIB, insuficientes até para a reposição dos equipamentos industriais tornados obsoletos. O WIDER – Instituto Mundial de Pesquisa Econômica das Nações Unidas –, sediado em Helsinki, faz uma distinção pertinente entre renda nacional baseada em resultados de atividades econômicas anualmente compilados, e o conceito de riqueza pessoal nacional, que engloba valores móveis e imóveis, empresas e ações, jóias, terras e fazendas de gado. Feita esta estimativa (são poucos os países que a fazem) as riquezas acumuladas nas mãos de poucos – 1% da população – constituem um valor de 100mil vezes ou mais da desigualdade nas mãos dos 50% mais pobres do país. O gráfico anexo (xxx) baseado no cálculo estatístico da distribuição da renda nacional, segundo os parâmetros convencionais, transmite uma visão totalmente falsa e enraizada sobre as desigualdades econômicas do Brasil.
Procurando esboçar as condições do amadurecimento e de mudanças desejadas ou propostas, estas são configuradas, explicita ou implicitamente, como resultados de deliberação e esforço voluntário e coletivo da maioria da sociedade, ciente dos desafios e problemas de nossa época e conscientes, a partir do passado distante e recente, de que a História não se faz por si mesma, nem resultado da intervenção arbitrária de forças e fatores que estariam acima da compreensão e do controle dos seres humanos. A premissa alternativa, que rejeita qualquer perspectiva determinista, preconiza a necessidade de reflexão e ação permanentes dos indivíduos, capazes de organizar-se e, devidamente motivados se tornarão senhores de seu próprio destino, individual e coletivo. A liberdade, a democracia e o bem estar de todos jamais serão concedidos voluntariamente pelas “elites” dominantes. Terão que ser conquistados por movimentos populares pressionando, mediante mais e maiores reivindicações, que “obrigarão” os “donos do poder” a fazer concessões e introduzir as mudanças necessárias.
Outra premissa fundamental deste ensaio encarece a necessidade inadiável de se construir, no Brasil, uma sociedade aberta e pluralista que possa proporcionar as oportunidades e o acesso a emprego, educação, saúde e condições de vida decentes, indiscriminadamente, a todos os seus membros.
Em vez de democracia formal e supostamente representativa, é necessário implantar uma democracia participativa, um regime que cobre periodicamente as promessas dos representantes do povo. Seriam obrigados a prestas contas de sua atuação não somente no fim do mandato, que poderá ser revogado por decisão soberana da sociedade, mediante referendos, consultas populares e outras iniciativas, em nível local, regional, federal.
Não pode haver democracia e justiça social enquanto as reservas cambiais são mais importantes que a saúde dos pobres. A “boa” educação do governo para com os credores nacionais e internacionais é mais importante que os investimentos em educação e saneamento para todos. Nas palavras de Frei Betto, ex-assessor especial do presidente Lula, “a lei continua a proteger quem oprime e a castigar o oprimido” (A Mosca Azul, 2005, p. 261). O regime democrático formal, dominado pelos ricos e poderosos impede a caminhada em direção a uma sociedade mais justa e “igualitária”. A solidariedade com os excluídos, a luta por justiça social, a defesa dos direitos humanos e o cultivo da conduta ética na política são as características básicas de quem costuma se considerar de “esquerda”, apesar do comentário depreciativo de Lula que qualifica os velhos esquerdistas como seres problemáticos. A questão central não é somente ideologia, transformada pelo PT em marketing e luta pelo poder.
A proposta continua sendo a luta pela ética na política e pela defesa dos direitos humanos, porque a pobreza e a exclusão são crimes contra a humanidade. A antiga luta de classes transformou-se em um amplo movimento social pela solidariedade e humanização das relações sociais, e contra um regime perverso que faz da acumulação de riquezas e de poder a sua única razão de ser.

Conceitos de Economia

A economia pode ser definida assim: o estudo de como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilizações alternativas, para produzir bens variados.

Pode-se fazer a seguinte divisão no estudo econômico:

- Macroeconomia- analisa o comportamento da economia como um todo, por meio de preços e quantidades absolutos. Faz parte dela os movimentos globais nos preços, na produção ou no emprego.

- Microeconomia- estuda o comportamento de cada “molécula econômica” do sistema, por meio de preços e quantidades relativas. Para exemplificar, pode-se citar a análise do funcionamento de empresas.

Enquanto a economia positiva ocupa-se da descrição de fatos, circunstâncias e relações econômicas, a economia normativa expressa julgamentos éticos e valorativos. As grandes divergências entre os economistas aparecem nas discussões de caráter normativo, como por exemplo o da dimensão do Estado e o poder dos sindicatos.

Sofismas econômicos:

- Post hoc - a conclusão de que “depois do acontecimento” implica necessariamente “devido ao acontecimento”.

- Composição- leva a crer que o que é verdade para uma das partes também o é para o todo.

O caminho mais seguro para um pensamento correto é o da análise científica: hipótese, confrontação com os fatos e síntese.

Fatores produtivos ou inputs- bens ou serviços usados pelas empresas no processo de produção. São combinados de forma a se obterem produtos outputs, que serão consumidos ou empregados em outras fases mais avançadas do processo produtivo. São basicamente os seguintes:

- Terra e recursos naturais.

- Trabalho (o mais abundante e significativo).

- Capital- bens duráveis produzidos para serem empregados na produção de outros bens.

Problemas econômicos fundamentais: (1) que produtos produzir e em que quantidade; (2) como os produzir, isto é, através de que técnicas devem ser combinados os fatores produtivos; (3) para quem devem ser produzidos e distribuídos os produtos.

Essas questões não seriam levantadas se os recursos fossem ilimitados - a “lei da escassez” estabelece que a limitação de recursos obriga a escolha entre bens relativamente escassos.

“Eficiência produtiva”- não se pode aumentar a produção de um bem sem reduzir a de outro.

Lei da Oferta e da Procura - a oferta e a procura atuam conjuntamente na determinação do preço e da quantidade em cada mercado.

- curva de procura: baseia-se na utilidade de determinado produto para os consumidores. Quanto maior o preço, menor a quantidade procurada, e vice-versa. Determinantes da procura: preço do produto, rendimento médio dos consumidores, dimensão do mercado, preço e disponibilidade de outros bens, gostos ou preferências. O deslocamento da curva de procura ocorre em função da alteração desses fatores.

- curva de oferta: baseia-se nos custos de produção de um bem ou serviço. É a relação entre os preços de mercado do produto e a quantidade que os produtores estão dispostos a oferecer. Quanto menor o preço, menor a quantidade de bens que os produtores vão querer vender. Determinantes da oferta: custos de produção, monopólios, concorrências de outros bens, imprevistos metereológicos. O deslocamento da curva de oferta ocorre em função da alteração desses fatores.

- O preço de equilíbrio verifica-se quando a quantidade procurada for igual à quantidade oferecida.

Observação: com frequência, confunde-se o deslocamento das curvas com o movimento ao longo das mesmas. Essa é a diferença entre o aumento da procura (deslocamento para a direita do gráfico) e o aumento da quantidade procurada (com o preço mais baixo, a quantidade demandada aumenta).

Por meio da lei da oferta e da procura, as questões de “o que, como e para quem” ficam parcialmente resolvidas. Isso se deve à interdependência de cada mercado em relação aos mercados de outros bens na estruturação do “sistema de equilíbrio geral de preços”.

Enquanto o equilíbrio parcial observa o comportamento de cada mercado individualmente, o equilíbrio geral analisa os processos simultâneos e interdependentes dos diferentes mercados - esse último é uma espécie de “teia invisível”.

O modelo de “concorrência perfeita”é apenas idealizado, pois desconsidera diversos mecanismos da economia, como a existência de monopólios e de externalidades.

O sistema de mercado é em sua totalidade eficiente: as ações egoístas dos indivíduos são orientadas por uma “mão invisível” para um resultado final harmonioso.

“Eficiência de Pareto”: não é possível melhorar o bem-estar de uma pessoa sem piorar o de outra. A situação econômica revela eficiência se se encontar na fronteira das possibilidades de utilidade.

Restrições à “Mão Invisível”

- falhas no mercado: os preços não refletem os verdadeiros custos e as verdadeiras utilidades. Ex: monopólio e externalidades (efeitos colaterais da produção e do consumo são desconsiderados no mercado).

- repartição do rendimento e do consumo é arbitrária.

Dentro da realidade econômica imperfeita e interdependente, a intervenção dosada do Estado pode melhorar os resultados econômicos.





segunda-feira, 5 de abril de 2010

Motivação dos empregados

Apego à Riqueza Não é Motivação.

Vinte anos atrás, o sociólogo Philip Slater publicou uma dura crítica sobre a moderna obsessão ocidental pela riqueza. Slater diz que "A idéia de que todos querem dinheiro é propaganda circulada por apegados à riqueza, a fim de sentirem-se melhor em relação ao seu apego." (1980 p. 25). Desde então, a pesquisa tem-se unido a ele para apoiar esse desafio. Dr. Tim Kasser e Dr. Richard Ryan realizaram alguns estudos em 13 países diferentes, comparando pessoas altamente motivadas a fazer dinheiro com aquelas que não o são. Eles dizem o seguinte: "Quanto mais procuramos satisfações em bens materiais, tanto menos as encontramos aí." Mesmo quando essas pessoas motivadas pelo dinheiro acreditam que podem ter sucesso em ganhá-lo, a obsessão é relacionada com a baixa auto-estima, a depressão e o uso cada vez mais intenso de drogas. Quando elas conseguem, "A satisfação dura muito pouco; é muito fugidia."

A motivação de sentir-se mais ligado às pessoas, por outro lado, está relacionada com o aumento do bem-estar. Um estudo realizado pelos conferencistas escolares Dr. Aric Rindfleisch, Frank Denton, e Dr. James Burroughs confirmaram que "as pessoas que são mais materialistas tendem a se sentirem infelizes com suas próprias vidas." De maneira interessante, a pesquisa deles sugere que a depressão que acompanha uma obsessão por dinheiro é reduzida se a pessoa tiver um relacionamento sincero e profundo com outras pessoas. Esta pesquisa, observam Kasser e Ryan, parece contradizer algumas pressuposições importantes do "sonho Americano." O trainer em PNL, Dr. L. Michael Hall, coloca isso de maneira mais clara do que qualquer outro especialista em motivação, quando diz: " Ganhar dinheiro exclusivamente para ter mais dinheiro não enriquece nossa experiência interior de vida, nem nos dá mais qualidade de pensamento ou sentimento." Num estudo sobre milionários de sucesso, o Dr. Scrully Blotnick, diz: "Você gostaria de tornar-se rico? Bem. Estabeleça isso como seu objetivo, depois esqueça... Não tem nada a ver com dinheiro. Blotnick nota que quase todos os indivíduos que eventualmente se tornaram milionários quase não o notaram." (Hall, 2000, p.27).

O que motiva os Empregados

Esta pesquisa apresenta um dilema para os empregados, porque a maioria deles acredita que o principal "contrato" que eles estão fazendo com seus empregadores é o de que o empregador dá dinheiro e o empregado dá seu trabalho. O consultor administrativo Tom Peters resume a sabedoria convencional do empregador (que ele está criticando) dizendo: "Se nós dermos ao pessoal incentivo monetário honesto... o problema da produtividade desaparecerá." (Peters and Waterman, 1982). Mais explicitamente, os sistemas de incentivo monetário são promovidos como a solução para problemas de motivação. A teoria é que "Quanto mais o pagamento estiver vinculado ao desempenho, tanto mais poderoso é o efeito da motivação, dizem os psicólogos Richard Guzzo e Raymond Katzell (1987). Guzzo e Katzell fizeram um meta-estudo com 330 comparações de pesquisa e mostraram que os incentivos financeiros não são, realmente, relacionados com o absenteísmo, a produtividade ou a rotatividade dos trabalhadores. De fato, os programas mais "confiáveis" para melhorar essas áreas são o treinamento e o estabelecimento de metas pelos empregados. W. Edwards Deming, o conselheiro americano que ajudou o Japão a criar seu milagre econômico nas décadas de 1950 e 1960, diz que as recompensas econômicas constituem-se nos mais poderosos inibidores da qualidade e da produtividade no mundo ocidental." Ele afirma que esse sistema "nutre o desempenho a curto prazo, aniquila o planejamento a longo prazo, constrói o medo, demole as equipes de trabalho, nutre a rivalidade e... torna as pessoas amargas." (Deming, 1986).

Edward Deci e Richard Ryan chamam o dinheiro de motivador "extrínseco" ou contingente, o que significa tentar motivar a realização de um trabalho melhor na expectativa de alguma coisa que a pessoa possa obter de fora do trabalho como tal. Eles comparam isso com os motivadores intrínsecos, que significam as alegrias obtidas simplesmente no cumprimento de uma tarefa. Um exemplo seria a sensação de realização. A revisão deles, de quarenta anos de estudos, manteve-se confirmando sua conclusão original: "a pesquisa tem mostrado consistentemente que qualquer sistema de pagamento contingente tende a minar a motivação intrínseca." (1985). Isto é, quanto mais as pessoas prestam atenção à quantidade de dinheiro ou a outras "recompensas" que podem obter através do trabalho, tanto menos elas apreciam seu trabalho como tal. Este é o tema do texto Punished by Rewards (Punidos pelas Recompensas), de Alfie Kohn.

Kohn faz a tabulação de diversos estudos que perguntam aos trabalhadores o que mais os motiva a trabalhar. Consistentemente, os trabalhadores colocam o dinheiro bem abaixo. Mesmo o pessoal de vendas (tradicionalmente considerados como altamente motivados pelo dinheiro) citam-no como a razão menos comum para mudarem de emprego (Greenberg and Greenberg, 1991, p. 10). As pesquisas dizem: "De fato, nós acreditamos que uma das maiores falácias da administração é a de que o pessoal de vendas pode ser motivado por fatores externos." O Families and Work Institute estudou uma amostra aleatória de 3000 trabalhadores Americanos, pedindo-lhes que relacionassem suas prioridades quando decidem assumir um emprego. O dinheiro figura, de maneira consistente, no final de uma lista de 20 fatores, bem abaixo da comunicação aberta, relações positivas com os colegas, controle sobre o conteúdo do trabalho, trabalho estimulante e oportunidade de ganhar novas habilidades (Bond, Galinsky e Swanberg, 1998).

De maneira surpreendente, os trabalhadores são mais inclinados a reportar seu sentimento de "felicidade" quando estão no trabalho do que quando estão no tempo de lazer. (Csikszentmihalyii, 1990 p. 158). Ao som de um apito acionado em momentos aleatórios, eles são solicitados a graduar seu nível de felicidade naquele momento. As pessoas estudadas declararam estar felizes 54% do tempo de trabalho, mas somente 18% do tempo de lazer. Se os trabalhadores não estiverem motivados, o problema não é o fato de o trabalho ser intrinsecamente enfadonho. O Consultor empresarial Frederick Herzberg mostra claramente a solução: " Se você quiser pessoas motivadas para fazerem um bom trabalho, dê-lhes um trabalho bom para fazer." Deci e Ryan sugerem que, quando estamos procurando uma motivação real, a questão toda existente por detrás dos esquemas de incentivo é mal expressa, "Como podemos fazer com que os empregados façam aquilo que lhes mandamos?" O tipo anterior de ambiente de trabalho era a respeito de trabalhar com; o atual é sobre fazer para. As recompensas, vistas desta perspectiva, são apenas mais uma maneira de fazer as coisas para as pessoas. Elas representam, basicamente, ´ controle através da sedução’" (Deci e Ryan, 1985, p. 70).

Implicações para a PNL
Para os consultores da PNL, existem algumas implicações importantes nessa pesquisa.

Em primeiro lugar, ao encorajar as pessoas a estabelecer objetivos e perseguir seus sonhos, é bom deixar clara a diferença entre os objetivos que provavelmente conduzirão à felicidade, e os objetivos adicionais (ex.: embriagar-se, ganhar um milhão de dólares no cassino). Encorajar as pessoas a estabelecer e perseguir objetivos viciosos associa uma experiência emocional negativa com sua muito poderosa fonte potencial de satisfação na vida.

Em segundo lugar, quando os administradores querem um programa de PNL para motivar seus empregados, ou para melhorar o sucesso de um sistema de incentivo, é útil apontar a contradição subjacente na criação de sistemas extrínsecos de motivação. Fazer perguntas mais fundamentais do que "Como posso conseguir que eles façam aquilo que eu quero que façam?" pode proporcionar um sucesso de maior duração.

Alfie Kohn descreve sua experiência de consultor da Marshall Industries, uma grande distribuidora de componentes eletrônicos que levou a sério suas orientações (Kohn, 1998). Após um ano de discussões, o Presidente Rob Rodin concordou em eliminar todos os incentivos, comissões de vendas, e concursos. Nos anos seguintes, a rotatividade dos empregados foi reduzida em 80%, o moral melhorou, a produtividade subiu e as vendas ultrapassaram o dobro.

Criando Motivação Intrínseca

Naturalmente, a criação de motivação para os empregados envolve muito mais do que simplesmente desistir dos incentivos. Envolve a realização dos valores que os empregados realmente consideram importantes. Esses valores, como Frederick Herzberg aponta, são notavelmente semelhantes no mundo inteiro. A pesquisa do Families and Work Institute (1998) agrupa-os em dois segmentos: qualidade do serviço e apoio do ambiente de trabalho. A qualidade do serviço refere-se a autonomia, significado, segurança e oportunidades de melhoria. O apoio do local de trabalho é subdividido em tratamento respeitoso, oportunidade igual e flexibilidade, e relações de apoio na equipe.

Margot Hamblett e eu discutimos as implicações de focalizar-se nesses valores, num artigo recente sobre negócios cooperativos (2001 p.35). Nós tomamos o exemplo da fábrica da General Motors em Fairmont. Um membro da General Motors, ao visitar a fábrica de Fairmont dirigida de maneira cooperativa, descreve o entusiasmo com que os trabalhadores administram seus próprios locais de trabalho. Em sua visita, um gerente de fábrica comentou que quatro homens estavam fazendo um trabalho que era feito por seis homens em sua fábrica. Ele disse aos trabalhadores: "Bravo! Vocês são muito especiais. Ah, se eu pudesse ter gente como vocês!". Ao sair, ele ouviu um dos trabalhadores dizer ao outro: "Que pena que eles não se dão conta de que já têm pessoas como nós.! (Tanner Pascale, 1990). Essa motivação não provém de esquemas de incentivo, bônus ou recompensas extrínsecas, mas da realização sistemática dos critérios que interessam aos próprios trabalhadores. Os trabalhadores de Fairmont experimentam seu trabalho como algo que gostam de fazer, algo que lhes trás uma satisfação intrínseca.

Robert Rosen, presidente da Healthy Companies, foi consultor de dúzias de companhias dentre as 500 indicadas na Fortune, e descreve a fábrica de Fairmont como um exemplo de uma nova espécie de contrato entre trabalhadores e gerência, nesta era de pouca "segurança" no trabalho e inovação rápida. Ele relaciona os valores deste novo contrato (Rosen, 1992) como:

Compromisso com o autoconhecimento e desenvolvimento;

Firme crença na decência;

Respeito pelas diferenças individuais;

Espírito de associação;

Alta prioridade de saúde e bem-estar;

Paixão pelos produtos e processos.

Rosen diz que "Organizações do futuro são redes de relações. E as relações são o que une as pessoas. Nós estamos realmente operando comunidades humanas ou empresas humanas." (em Makower, 1994).

Juanita Brown, presidente da Whole Systems Associates, considera esse assunto da "comunidade corporativa" de uma perspectiva compatível com a PNL (Brown, 1992). Ela nota que a imagem mental provocada pela palavra "corporação" não é muito motivadora, mesmo quando ela pergunta aos executivos sobre isso. A imagem mental provocada pela metáfora alternativa de "comunidade" é muito mais excitante, e Brown considera seu uso como a ferramenta de motivação mais pragmática que um Presidente pode adotar. Um executivo superior que recebeu os conselhos de Juanita foi Mike Szymanczyk da Procter & Gamble e da Kraft General Foods. Szymanczyk diz: "Se eu continuar a oferecer mais dinheiro para satisfazê-los, eu nunca poderei dar o suficiente. Se eu continuar a criar a oportunidade de explorar seu próprio potencial através da exploração do potencial da empresa, então teremos um sistema reforçador positivo. O modelo de comunidade é construir este sistema de reforço e fazer com que as pessoas se sintam recompensadas, satisfeitas e realizadas com isso, ao invés de sentirem como se a única recompensa possível ou satisfação que possam obter é mais um aumento ou mais um cheque de bônus." (Brown, 1992).

As implicações da metáfora da comunidade (usando comunidade no velho sentido rural, chamada em sociologia "Gemeinschaft"), são de tirar o fôlego. As comunidades têm indivíduos, mas também têm reuniões de comunidades. Talvez eles tenham os "mais velhos" aos invés de "presidentes" na comunidade. Talvez eles tenham sistemas para checar, a fim de garantir que os vizinhos estão bem. As pessoas, numa comunidade, conhecem umas às outras e têm muitos pontos de contato umas com as outras. Acima de tudo, as pessoas em uma comunidade lá estão porque querem ser parte daquela comunidade.

Mesmo em uma Pequena Escala?

O negócio que dirijo é pequeno, mas considero-o uma comunidade em si ( talvez, pelo tamanho, até uma "família"), e o ponto focal de uma comunidade mais ampla de Practitioners da PNL. As pessoas que trabalharam para mim nos últimos oito anos têm sido pessoas que compartilham minha visão de transformação pessoal e global. Isso muda minha perspectiva em muitas das atividades que acontecem em nosso escritório. Quando, como acontece às vezes, nossa administradora do escritório traz seu filho pequeno para o trabalho, ao invés de sentir isso como uma imposição, eu me sinto orgulhoso por ter um ambiente de trabalho onde isso é possível. Minha principal preocupação é que ela terá que trabalhar mais para compensar o tempo gasto com ele, porque sei que ela verdadeiramente valoriza o fato de ter um emprego que aceita suas responsabilidades familiares. De maneira semelhante, quando a encarregada da contabilidade gasta tempo discutindo suas crenças políticas comigo no trabalho, ao invés de sentir-me ansioso em relação ao relógio, sinto-me excitado por ter um escritório onde as pessoas trazem todas as suas crenças e valores com elas. Minha principal preocupação é, mais uma vez, notar que ela trabalha a mais e ajuda no escritório nas tarefas que não fazem parte do seu contrato, e não ganha dinheiro por isso. Todo trabalho que acontece em nosso escritório é parte de nossa missão, não importa o quanto possa parecer real. A pessoa que expede o correio, coloca panfletos nos envelopes, me diz: "Eu gosto de trabalhar para vocês. Se há algo mais que eu possa fazer, digam-me."

O outro lado desta história é que cada uma dessas pessoas fala para clientes potenciais sobre os serviços que oferecemos. A nossa equipe está feliz com aquilo que oferecemos. Se alguém se inscrever para a primeira metade de um curso de Practitioner, por exemplo, eles podem dizer àquela pessoa "Eu aposto que você vai querer ficar para a outra metade. Comece a pensar nisso agora!" Eu poderia ter treinado nossa equipe para dizer isso, ou eles podem ter decidido fazê-lo porque estão treinados nos padrões de linguagem da PNL. Mas não é por isso que o dizem. Eles falam assim porque já experimentaram nossos treinamentos, e realmente estão felizes com o que o cliente está fazendo. Eles acreditam naquilo que ensinamos. Eles acreditam que trabalhar aqui é uma das coisas mais importantes que podem fazer em suas vidas. Eles estão trabalhando para as recompensas intrínsecas da mesma forma que eu. Recentemente, quando discuti sobre minha equipe com outra Practitioner de PNL, ela me disse: "Puxa! Você não pode comprar esse tipo de dedicação". E esse é o ponto. Você jamais poderá comprar dedicação!

As pessoas que trabalham conosco não são "anjos", e nem eu o sou. Às vezes, elas fazem coisas que não aprovo, e eu faço coisas que eles não aprovam. Nos oito anos em que estou na empresa, também tive pessoas que faziam coisas que eu não sabia que estavam fazendo, porque eles não queriam que eu soubesse. Conflitos acontecem em qualquer família. Mas você não transforma sua família numa barraca do exército porque alguém age desonestamente. Vocês ainda são uma família.

Ação de Pequena Escala numa Grande Corporação

E se você estiver preso numa grande corporação que não se comporta como uma comunidade? Isso é difícil, na verdade. Mas eu tenho uma história sobre essa situação. Antes de eu ter meu próprio negócio, eu trabalhava como professor numa "grande" corporação. Era a mesma escola em que, há muitos anos, eu fizera treinamento em enfermagem. Uma de minhas mais antigas instrutoras (chamemo-la de Freda) era, agora, minha chefe, e as pessoas me avisaram para "tomar cuidado" com ela porque tinha a reputação de ser um "dragão". Isso me surpreendeu porque lembrei-me de que Freda era uma professora amável e animadora. Algumas semanas após iniciar o trabalho, eu tive uma interação muito interessante com ela. Eu cheguei ao trabalho de manhã e encontrei uma carta muito zangada de Freda sobre minha mesa. A carta dizia que eu não tinha fechado a sala onde havia dado aula na noite anterior. Ela me avisou que tal falta de cuidado custava dinheiro, e sugeriu que se eu não era digno de confiança numa tarefa tão simples, talvez eu não estivesse no trabalho certo. Ela disse que estaria observando para ver se eu ia melhorar, e que tomaria outras providências se isso acontecesse novamente.

Meus colegas simplesmente me disseram que agora eu sabia com que eu estava lidando. Freda era assim, como Chefe do Departamento. Eu fiquei muito assustado. Era um trabalho novo e eu não queria perdê-lo. Mas, quando me sentei para pensar sobre o assunto, compreendi que estava muito mais do que assustado. Eu estava triste. Triste por haver perdido a chance de uma relação decente com minha nova chefe, e triste porque minha admiração por minha velha professora estava sendo subjugada por esse novo estilo de interação. Assim, quando escrevi-lhe uma resposta à sua carta, assumi o risco de dizer-lhe exatamente isso. Decidi que não queria viver com medo de minha chefe; e que eu preferia o risco de ser despedido do que aceitar os "termos" da relação que ela parecia estar me oferecendo. Eu pedi desculpas por ter deixado a porta destrancada, e depois disse: "Mas eu também quero que você saiba, Freda, que eu me lembro de você com grande afeição, como minha professora na escola de Enfermagem. Eu tenho um enorme respeito por você. Prometo-lhe que você nunca precisará me observar ao fazer algo importante. Se você me disser que algo que fiz foi um problema, eu imediatamente ficarei altamente motivado a lembrar-me e a mudar; tão motivado quanto possível. Eu sou muito grato pelo que você me ensinou como estudante, e sempre haverá um lugar no meu coração para você e suas preocupações."

A resposta foi dramática. Freda veio diretamente à minha sala, pediu desculpas por ter tido um momento "de mau humor" e garantiu-me que eu estava fazendo um bom trabalho. Nossa relação, a partir daquele momento, foi completamente diferente; e completamente diferente da espécie de relação que meus colegas tinham experimentado. Isso, por sua vez, manteve minha motivação. Eu havia sido totalmente honesto. O respeito e a admiração são muito mais motivadores para mim do que qualquer pressão extrínseca que Freda pudesse exercer.

Resumo

A busca da riqueza por si só está correlacionada com a baixa auto-estima e a depressão, e funções como a necessidade de satisfazer um vício. Quando as corporações motivam seus empregados a usar recompensas extrínsecas como o dinheiro, a alegria intrínseca da força de trabalho fica prejudicada. Por outro lado, os trabalhadores são motivados acima de tudo pela qualidade de seu trabalho e pelas relações que lhes dão suporte nele. De uma maneira metafórica, pode ser mais útil visualizar uma corporação como uma comunidade da qual os seus membros desejam intrinsecamente participar. Mesmo uma empresa pequena pode criar esse sentimento de família ou comunidade e inspirar os trabalhadores com a missão intrínseca de seu trabalho. Em uma grande organização, os indivíduos podem influenciar a cultura da mesma, alterando as pressuposições existentes por detrás de suas ações individuais. Os consultores de PNL que trabalham no campo empresarial vão alcançar claramente resultados mais poderosos, saindo dos "programas de motivação" e focalizando o clima interpessoal da organização. A maneira de fazer com que as pessoas se desempenhem melhor em suas tarefas é dar-lhes melhores tarefas para fazer.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Fracasso e Sucesso


É preciso discernimento para reconhecer o fracasso, coragem para assumi-lo e divulgá-lo e sabedoria para aprender com ele.
O fracasso está presente em nossa vida, em seus mais variados aspectos. Na discussão fortuita dos namorados e na separação dos casais, na falta de fé e na guerra santa, na desclassificação e no lugar mais baixo do pódium, no infortúnio de um negócio malfeito e nas conseqüências de uma decisão inadequada.
Reconhecer o fracasso é uma questão de proporção e perspectiva. Gosto muito de uma recomendação da Young President Organization segundo a qual devemos aprender a distinguir o que é um contratempo, um revés e uma tragédia. A maioria das coisas ruins da vida são contratempos. Reveses são mais sérios, mas podem ser corrigidos. Tragédias, sim, são diferentes. Quando você passar por uma tragédia, verá a diferença.
A história e a literatura são unânimes em afirmar que cada fracasso ensina ao homem algo que necessita aprender; que fazer e errar é experiência enquanto não fazer é fracasso; que devemos nos preocupar com as chances perdidas quando nem mesmo tentamos; que o fracasso fortifica os fortes.
Pesquisa da Harvard Business Review aponta que um empreendedor quebra em média 2,8 vezes antes de ter sucesso empresarial. Por isso, costuma-se dizer que o fracasso é o primeiro passo no caminho do sucesso ou, citando Henry Ford, o fracasso é a oportunidade de se começar de novo inteligentemente. Daí decorre que deve ser objetivo de todo empreendedor errar menos, cair menos vezes, mais devagar e não definitivamente.
Assim como amor e ódio são vizinhos de um mesmo quintal, o fracasso e o sucesso são igualmente separados por uma linha tênue. Mas o sucesso é vaidoso, tem muitos pais, motivo pelo qual costuma ostentar-se publicamente. Nasce em função do fracasso e não raro sobrevive às custas dele - do demérito de outrém. Por outra via, deve-se lembrar que o sucesso faz o fracasso de muitos homens...
Já o fracasso é órfão e tal como o exercício do poder, solitário. Disse La Fontaine: "Para salvar seu crédito, esconde sua ruína". E assim caminha o insucesso, por meio de subterfúgios. Poucos percebem que a liberdade de fracassar é vital se você quer ser bem sucedido. Os empreendedores mais bem-sucedidos fracassaram repetidamente, e uma medida de sua força é o fato de o fracasso impulsioná-los a alguma nova tentativa de sucesso. É claro que cada qual é responsável por seu próprio naufrágio. Mas quando o navio está a pique cabe ao capitão (imagine aqui a figura do empreendedor) e não ao marujo tomar as rédeas da situação. E, às vezes, a única alternativa possível é abandonar, e logo, o barco, declinando da possibilidade de salvar pertences para salvar a tripulação. Nestes casos, a falência purifica, tal como deitar o rei ante o xeque-mate que se avizinha.
O sucesso, pois, decorre da perseverança (acreditar e lutar), da persistência (não confundir com teimosia), da obstinação (só os paranóicos sobrevivem). Decorre de não sucumbir à tentação de agradar a todos (gregos, troianos e etruscos). Decorre do exercício da paciência, mais do que da administração do tempo. Decorre de se fazer o que se gosta (talvez seja preferível fracassar fazendo o que se ama a atingir o sucesso em algo que se odeia). Decorre de fabricar o que vende, e não vender o que se fabrica (qualquer idiota é capaz de pintar um quadro, mas só um gênio é capaz de vendê-lo). Decorre da irreverência de se preparar para o fracasso, sendo surpreendido pelo sucesso. Decorre da humildade de aceitar os pequenos detalhes como mais relevantes do que os grandes planos. Decorre da sabedoria de se manter a cabeça erguida, a espinha ereta, e a boca fechada.

Finalizo parafraseando Jean Cocteau: Mantenha-se forte diante do fracasso e livre diante do sucesso.